As perdas no varejo acontecem além do estoque. Nestes anos de trabalho em prevenção de perdas, observamos que no momento em que o varejista passa a olhar de maneira diferente para o seu negócio, encontra diversos focos de perda. Uma destas é a financeira e vou comentar hoje sobre duas classificações.
A primeira delas envolve o processo de concessão de crédito. Nossa economia tem possibilitado aos varejistas o uso do cartão de crédito próprio – private label – ou em parceria com alguma operadora de cartão de crédito – co-branded. O entusiasmo inicial é o aumento das vendas através desta nova modalidade de pagamento. Inicia-se um forte trabalho de divulgação e, principalmente, prospecção de clientes para emissão de cartões. Realmente, as vendas aumentam, as lojas ficam cheias de clientes, o nível de estoque começa a baixar; parece ser a grande alternativa para alavancar vendas. Começam as promoções de parcelamento com e sem juros e, em negócios mais avançados, começa a venda de empréstimos pessoais aos clientes.
Todo este cenário é muito fantástico, mas o sucesso de um negócio está nos detalhes. E um detalhe importante deste processo é a concessão do crédito. Na ânsia de captar e emitir o maior número de cartões possível para impulsionar as vendas, os critérios e procedimentos começam a relaxar. Os atendentes de crédito são pressionados a bater suas metas e deixam escapar detalhes ou até alterar informações para que o crédito tenha aprovação.
E, mais importante do que utilizar o crédito, é honrar com os pagamentos das faturas. Créditos mal concedidos resultam em devedores, que resultam em perdas quando não gerenciados corretamente. Mais uma vez, a prevenção e a disciplina são os melhores remédios. O esforço para cobrar é infinitamente maior do que para analisar e conceder o crédito corretamente. O risco sempre vai existir, mas ele é mitigado desta forma.
A Prevenção de perdas também atua nos processos de concessão de crédito, na auditoria de propostas, no monitoramento de fraudes, entre outros, para garantir ao varejista que este processo possa dar, em resultado final, o crédito real e adequado ao cliente, que será convertido em vendas em suas lojas.
A outra classificação são as operações de guarda e transporte de valores. Mesmo em tempos de crédito eletrônico – cartão de débito, cartão de crédito, vale refeição, entre outros – o volume de dinheiro em cédulas e moedas ainda é expressivo no varejo. E a gestão deste numerário também precisa da atenção da Prevenção de Perdas.
É importante que o varejista tenha a assessoria da prevenção de perdas no que tange à definição de segurança da tesouraria, o controle do acesso, a rotina de sangrias, o modelo do cofre e a forma da coleta de valores para as instituições financeiras.
Deve-se estar atento ao local de instalação da tesouraria, preferencialmente um local discreto, seguro e de acesso restrito, com uso de tecnologia. Todas as operações da tesouraria devem ser monitoradas por CFTV e as sangrias devem ser acompanhadas por um fiscal de loja, com monitoramento por câmeras da central de operações.
Em relação ao cofre, é importante saber que o barato sai caro. É um investimento importante adquirir um cofre com peso elevado e maior segurança. Ele deve ser chumbado ao chão da tesouraria para evitar seu roubo.
Além disso, estão disponíveis hoje Cofres Inteligentes, que conseguem aliar segurança física – peso e travas – à tecnologia da leitura de cédulas, gestão do dinheiro depositado e convênio com transportadoras de valores para crédito online dos numerários depositados.
Tudo isso melhora o desempenho operacional e financeiro da loja. A gestão de numerário passa a ser estratégica, pois influencia diretamente no fluxo de caixa – dinheiro à vista – e mitiga os riscos de assalto e fraudes.
Prevenção de Perdas, como eu disse, vai além do estoque. Se o varejista colocar na “ponta do lápis”, as perdas com crédito mal concedido e com diferenças em dinheiro nos depósitos e, até no caso mais extremo, assaltos, entenderá que é necessário um acompanhamento estratégico competente e uma disciplina de processos contínua.