Um dos desafios da prevenção de perdas é manter-se como assunto estratégico na companhia depois que os índices de perdas chegam a patamares aceitáveis para a administração. Culturalmente, empresas brasileiras tem miopia estratégica quando chega-se neste ponto. Elas entendem que o trabalho já chegou ao fim e mudam o olhar de investimento para um olhar de despesas.
E começam então as famosas frases: “Não precisamos mais de fiscais de loja! Vejam o quanto gastamos por mês com eles?” ou “Porque manter nossa equipe de prevenção de perdas para analisar inventários e fraudes? Já está tudo controlado, podemos seguir em frente agora”.
E por falta de visão e despreparo executivo acontece o inevitável. Equipes de prevenção de perdas em lojas são reduzidas, quando não extintas. Investimentos em tecnologia, como antenas antifurto ou CFTV são estrangulados. A equipe de auditoria e gestão das perdas é reduzida ou eliminada. E estamos falando de quanto? Geralmente não chega a 1% do faturamento anual da empresa.
E o executivo que toma essa decisão é aplaudido, porque conseguiu cumprir seu papel de “reduzir despesas” na companhia. Ledo engano. É a partir deste momento que os problemas começam.
As equipes operacionais nas lojas passam a relaxar no cumprimento dos processos, porque não existe mais fiscalização da prevenção de perdas. Os furtantes – internos e/ou externos – voltam a atuar porque identificam que as lojas não tem mais CFTV, etiquetas antifurto em todos os produtos, lojas são inauguradas sem proteção eletrônica de produtos. Os operadores de caixa mal intencionados sabem que não existem mais analistas de prevenção de perdas monitorando as operações de caixa. O recebimento de mercadorias já não tem o mesmo controle rígido, afinal, o agente de prevenção de perdas foi considerado desnecessário neste processo. Os treinamentos de prevenção de perda não são executados, porque a equipe de gestão foi reduzida ou extinta.
Resultado de tudo isso? A grande redução que representava 1% do faturamento, passa a gerar aumento dos índices de perda em patamares maiores do que os índices estáveis de outrora. As perdas começam a crescer a taxas maiores que o faturamento.
E então, a administração passa novamente a preocupar-se com prevenção de perdas, reuniões urgentes são convocadas, gestores são demitidos, e todos correndo em círculos para apagar novamente o fogo.
É hora de mudar a visão. São tempos de mudança.
Prevenção de Perdas é estratégia. É investimento. Prevenção de Perdas tem missão, visão e valores. Prevenção de Perdas é um dos pilares estratégicos de resultados da empresa. Ela mantém os controles, orienta os processos, identifica as exceções, alimenta a cultura, tem o DNA do Pentágono de Perdas, enfim, é o braço direito do CEO e da Alta Administração.