Crescem as expectativas para o maior evento anual de varejo do mundo. No auge do inverno nova-iorquino, acontecerá a 103ª NRF Retail’s Big Show 2014 com agenda já a partir de 11 de Janeiro.
O varejo é o setor que mais reflete a situação econômica dos países. Em 2012, com as crises norte-americana e europeia instaladas, o tema do encontro da NRF foi “Retail Means Jobs”, enfatizando a importância do setor na geração e manutenção dos empregos, além do papel fundamental na recuperação econômica das nações.
Em 2013, com sinais mais claros da recuperação econômica norte-americana, o foco no emprego foi mantido, mas ampliou-se: o varejo não significava apenas empregos, mas também carreira profissional, respeito pela comunidade e fonte de inovação.
Para 2014, retomado o caminho do crescimento econômico nos EUA, mesmo que ainda sem o vigor de outrora, a nova bandeira da NRF é “Perspective Elevated”. Isto significa perspectivas elevadas para o setor e seu papel no PIB dos países em geral.
Embora pareça ser uma temática otimista, basta um rápido overview nos temas das sessões principais para identificar que os desafios do varejo são crescentes em face da evolução e adoção das novas tecnologias nas lojas, do amadurecimento do comércio eletrônico, da ampla adoção das mídias sociais e, principalmente, pelas rápidas mudanças no comportamento de compra dos consumidores.
Mesmo concordando que nos próximos 5 anos o varejo mundial deve mudar muito mais do que nos últimos 50 anos, e que o modelo tradicional de crescimento do setor está ameaçado e precisa ser completamente revisto, ao contrário de outros momentos da história, nunca houve tantas frentes de batalha se apresentando.
Acredito até que a principal motivação da maioria dos congressistas da Retail’s Big Show talvez seja exatamente entender o atual teatro de operações*, para estar mais apto a escolher a melhor estratégia de enfrentamento nas batalhas dos próximos anos.
Particularmente, eu gostaria de saber mais sobre:
•Como anda a integração dos diversos canais de comercialização nos principais varejistas ao redor do mundo;
•Formas inovadoras de aperfeiçoar a experiência de compra dos consumidores, considerando os diversos segmentos e portes de lojas;
•O que está sendo feito para lidar com o showrooming;
•Como estão usando “big data” para efetivamente melhorar os resultados das lojas;
•Quais as métricas que realmente merecem ser utilizadas e quais resultados concretos já foram conquistados;
•Como equilibrar ações personalizadas em tempo real com a manutenção da privacidade dos consumidores;
•Qual o limite do uso das mídias sociais nas ações promocionais e de relacionamento com os consumidores. Os clientes já não estariam cansados de tanta interação?
Além desses assuntos, me interessa bastante as pesquisas e estudos de caso sobre comportamento dos consumidores, sempre presentes no congresso. Até porque, cada vez mais, as empresas varejistas precisam de informações detalhadas e precisas para tomarem suas decisões. Em pleno século XXI, não há mais espaço para improvisação e “achismo”.
A potencial decepção da Retail’s Big Show 2014: depois de palestras brilhantes com o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton e o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, respectivamente em 2012 e 2013, no ano que se aproxima teremos a palestra magna proferida pelo também ex-presidente dos EUA, George Bush Filho.
Um alento: se é para falar de guerra, talvez o republicano tenha muito o que dizer.
* Numa guerra, chama-se teatro de operações à área física em que se concentram as forças militares, as fortificações e as trincheiras, e em que se travam as principais batalhas. (Fonte: Wikipedia, acessada em Novembro, 2013)