O hábito de consultar e comparar preços de produtos através de smartphones no interior das lojas em busca dos melhores negócios, mundialmente chamado de showrooming, está tirando o sono de muitos varejistas tradicionais do mundo todo. Com uma frequência crescente, suas lojas físicas passam a ser usadas apenas ou principalmente como espaço para conhecer de perto os produtos desejados.
Aqui no Brasil não é diferente: pesquisa do Ibope* de abril aponta que 53% dos donos de smartphones já compararam preços através de seus dispositivos, e 13% dos consumidores já compraram utilizando o aparelho móvel.
Outra pesquisa do Ibope apresentada no evento E-commerce Brasil, em São Paulo, no dia 10/05, mostra que 98% das compras on-line no país são feitas nos computadores e apenas 1% nos celulares, e outro 1% nos tablets. Uma leitura possível seria a de que o showroomer compara preços na loja com o smarthphone, mas para comprar de fato, ele volta para casa e usa o computador pessoal.
Aparentemente, este novo comportamento de compra constitui uma grande ameaça apenas para lojas físicas, intensificando o confronto com o comércio eletrônico. Contudo, os próprios varejistas on-line, que investem pesado para tornar melhor e diferenciada a experiência de compra de suas lojas, também são afetados. Supostamente, o showroomer tende a escolher segundo a lógica do preço e não da experiência no web site.
Uma conclusão a qual podemos chegar é que ao reduzirmos a escolha do consumidor pela base do menor preço - e desta forma pressupomos a total racionalidade no processo de compra - todos os varejistas são ameaçados, sejam eles on-line ou de tijolos.
Talvez seja essa a grande ameaça por traz do showrooming: ensinar ou incentivar o consumidor a reduzir suas escolhas aos que oferecem o melhor preço, esquecendo de todos os demais fatores que poderiam ser considerados nesse processo.
É fato que o comércio eletrônico sai na frente da disputa pelos showroomers, porém os lojistas tradicionais já estão adotando medidas de contenção, como igualar os preços das lojas físicas aos de seu próprio comércio eletrônico, ou até mesmo cobrir as ofertas de concorrentes de outros canais.
Ao contrário de outros fenômenos passageiros, o showrooming parece que veio para ficar. Não se trata apenas de uma novidade tecnológica, mas de um instrumento que atende a uma velha vontade de muitos consumidores de verificarem se estão ou não fazendo bons negócios.
Por outro lado, sabemos também que o consumidor possui outras necessidades e desejos que podem ser explorados pelos varejistas, e talvez seja este o caminho a ser adotado nos próximos anos, ao invés de tentar “combater” ou “explorar” o showroomer.
*Link para pesquisa do Ibope:
http://ecommercenews.com.br/noticias/pesquisas-noticias/13-compraram-via-smartphone-em-fevereiro-no-brasil-aponta-ibope