Na linguagem varejista, ruptura é quando falta o produto que o consumidor veio comprar na gôndola. As vendas perdidas pela falta de um produto dependem da atitude do consumidor diante da gôndola vazia. O produto pode ser substituído por outro produto, a compra pode ser adiada, o consumidor poderá comprá-lo em outra loja ou até mesmo cancelar a compra. É preciso identificar as falhas que causam as rupturas no varejo e a prevenção de perdas pode auxiliar nesta tarefa.
“A mera quantificação da ocorrência de rupturas é como um atestado de óbito, registra um fato passado e não permite resolvê-lo ou evitar que volte a ocorrer”.
Reduzir ou eliminar rupturas no varejo (improvável) demanda análise detalhada da cadeia de abastecimento, identificar as falhas que acontecem desde a previsão de demanda até a distribuição e abastecimento das gôndolas. O desafio é encontrar a causa real da ruptura, a chamada causa raiz. Índices acima de dois dígitos, encontrados sempre pelas pesquisas da NeoGrid em parceria com a Nielson, mostram o quão relevante é a ruptura para o resultado do varejo.
Alguns sistemas podem analisar as vendas de cada dia. Produtos que não registram vendas, ou mesmo que tiveram vendas insignificantes, são analisados para apurar se a falta de venda se deve à falta do produto na loja. Porém o recurso mais utilizado para verificar a ocorrência de rupturas no varejo é a auditoria do ponto de venda, seja com controles visuais ou por um processo semiautomatizado, fazendo a leitura dos códigos de barras dos produtos encontrados e confrontando os resultados com o sortimento que deveria existir. Esse processo dependerá do cadastro de produtos da empresa.
Como a prevenção de perdas pode ajudar?
A Prevenção de Perdas terá o papel de identificar qual a causa raiz, primeiramente tratando os fatores internos que causam as rupturas no varejo:
- Verificar o cadastro dos produtos, qual o estoque de segurança de cada um. Aconselho a fazer um 80/20 no relatório de vendas, ver os itens que são responsáveis por 80% do faturamento e dar atenção especial a eles;
- Identificar, através do relatório de auditoria de ponto de venda, quais itens foram encontrados no estoque e não estavam expostos na gôndola, quanto tempo este produto não estava disponível e quanto o setor deixou de faturar pela falha. O resultado deverá ser apresentado aos promotores e líderes da loja, para que se desenvolva um índice e seja possível acompanhar as próximas auditorias para analisar os indicadores. Importante salientar que só surtira efeito se nenhum dos setores auditados tiverem conhecimento de data da auditoria;
- Estoque virtual ou sistêmico. Faça inventários rotativos e periódicos nos itens de maior giro, alto risco e também nos que foram identificados na auditoria de ponto de venda. Um dos grandes vilões da ruptura é, sem dúvida, o estoque virtual, impedindo que o sistema dispare um novo pedido. Tenha cuidado para não realizar inventário e esquecer de analisar. Lembre-se de que nosso principal papel é encontrar e tratar as causas da ruptura e não gerar um atestado de óbito;
- Recebimento de mercadorias, conferentes e encarregados preparados. Todos os funcionários devem ser bem treinados e todo o processo bem auditado. Este setor deverá garantir a não conformidade entre pedido de compras e entrada de mercadorias;
- Atenção à Frente de Caixa. Tome cuidado com a inversão de códigos que prejudica, principalmente, o varejo supermercadista e material de construção. Ambos têm muitos códigos internos e dependem da expertise de seu colaborador. Uma falha neste processo irá gerar distorções no estoque que poderemos tratar em outro artigo.
Após identificamos as causas internas, é preciso focar nos indicadores externos:
- Conheça seus fornecedores. Saiba como funciona a logística de cada um dos principais parceiros. Isto poderá determinar como será sua política de recebimento. E, acima de tudo, seja transparente, mostre os números encontrados em sua loja;
- Analise bem a cadeia logística. Sabemos que em nosso país existem diversos fatores que impactam diretamente na qualidade do produto e, é claro, no preço. Busque sempre analisar qual produto será mais rentável. Não adianta comprar um produto mais em conta se ele levará quatro dias a mais para ser entregue. Porém, se de fato valer a pena, mude o seu estoque de segurança. Mesmo este passo sendo realizado na maioria das empresas pelo setor comercial, a Prevenção de Perdas tem papel fundamental nas estratégias da empresa.
O grande desafio é juntar indústria, distribuição e varejo. Se as perdas são hoje palpáveis e com um nível de maturidade alto na maioria dos médios e grandes varejistas, o mesmo não pode ser dito das rupturas, que devem ser entendidas como perdas. Nosso papel é identificá-las e desenvolver um plano a curto e médio prazo de redução de rupturas com a mesma importância que damos às perdas.
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