Brasil e mundo: qual a diferença na abordagem da prevenção de perdas?

por Antônio Balbino 02-06-2016 11:00
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Os números das perdas no varejo brasileiro são assustadores. A 15ª Avaliação de Perdas, elaborada pelo Ibevar em parceria com o Provar, não deixa a menor dúvida. As perdas associadas a roubos, furtos e problemas operacionais representaram 2,89% do faturamento líquido das varejistas do Brasil em 2014, índice superior ao ano anterior, quando atingiram 2,31%. Para diminuirmos esses números, o que falta é a presença do tema perdas na pauta de discussões da empresa, principalmente nas pequenas e médias. O varejista deve entender o esforço de vendas, quantas unidades de uísque será preciso vender para cobrir o prejuízo e voltar a lucrar.

Enquanto nos Estados Unidos os pequenos varejistas contam com antenas e dispositivos de alarme, e a prevenção de perdas está diretamente ligada a todas as estratégias da empresa, os brasileiros estão preocupados em como pressionar os distribuidores a trocar as avarias e a enviar bonificações para cobrir parte dos prejuízos com os problemas internos.

Outro problema sério: Nos Estados Unidos, se um cliente furta é preso, no Brasil somos lenientes. Por aqui, se alguém é flagrado furtando um alimento, o varejista tem diversos cuidados a serem tomados por conta de uma legislação branda, que acaba por favorecer as pessoas mal-intencionadas.

O que impede algumas mudanças principalmente no varejo supermercadista com relação às tecnologias, como a integração de análise de vídeo, como o Gatecash, a etiquetagem de PARs e antenas, são justamente as leis do país.

Existem também algumas soluções muito interessantes sendo utilizadas no exterior, como o Anti-push out Technology, que tem a missão de reduzir os furtos onde os “falsos clientes” costumam sair da loja sem passar pelo checkout com o carrinho cheio de mercadorias. Por meio deste equipamento, as rodinhas dos carrinhos travam forçando o “falso cliente” a voltar à loja e, se quiser sair da dela, terá que passar pelo checkout para que o carrinho seja liberado. O sistema consiste em fios subterrâneos que são instalados no perímetro determinado pelo varejista, que fazem com que as rodas possam travar ou não.

Outra tecnologia muito interessante é a identificação biométrica. Embora de alto custo, é uma ferramenta extremamente eficiente. O software compara as imagens da pessoas que entram na loja com aquelas já disponibilizadas em seu banco de dados. Se o furtante é reconhecido, o sistema alerta automaticamente o gestor ou o agente de prevenção de perdas da loja por meio do smartphone. Com essa tecnologia, há ainda a opção de desenvolver um banco de dados único onde todos os varejistas podem ter acesso às informações. Trocando em miúdos, se uma pessoa mal-intencionada roubar na loja um e tentar fazer o mesmo em uma segunda unidade, poderá ser identificada.

Muitas empresas investem milhares de reais em tecnologia, têm os mais modernos hardwares e softwares, mas não utilizam sequer 50% das ferramentas. Por isso, costumo dizer que não adianta adquirir o melhor ERP e acreditar que ele dará um plano de ação pós-inventário rotativo.

É preciso que o empresário entenda a importância de desenvolver um plano diretor para o Departamento de Prevenção de Perdas em curto, médio e longo prazo. Apenas isso garantirá a saúde da área dentro da organização.

Como mencionei no princípio deste artigo, os varejistas brasileiros estão acostumados a pedir bonificação para cobrir as perdas. Temos a real necessidade do engajamento da prevenção em todos os departamentos de uma empresa, mas na maioria delas o setor comercial só entende que a prevenção está ali para passar um relatório de PARs e o índice de cada categoria.

Para finalizar, acredito que para reduzir os altos índices de perdas deve existir um equilíbrio nos investimentos em tecnologia, contratação e treinamento de profissionais. Se não houver uma coesão e integração entre esse tripé, um projeto de prevenção de perdas pode não gerar o resultado que se espera. Algo impensável, especialmente em tempos de vendas em baixa e instabilidade econômica.

 

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Topics: Perdas no Varejo